terça-feira, 23 de agosto de 2022

 

A soberania de Deus na administração.

Autor: Rev. Prof. Dr. A.W. Pink. Traduzido e adaptado por: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C.

O Senhor preparou o seu trono nos céus, e o seu reino domina sobre tudo" (Salmo 103: 19).

Primeiro, uma palavra sobre a necessidade de Deus governar o mundo material. Suponha o oposto por um momento. Para fins de argumentação, digamos que Deus criou o mundo, projetou e fixou certas leis (que os homens chamam de "as leis da Natureza"), e que Ele então se retirou, deixando o mundo em suas próprias diretrizes e ao resultado dessas leis. Nesse caso, deveríamos ter um mundo sobre o qual não houvesse um governador inteligente e presidente, um mundo controlado por nada mais que estas leis - um conceito digno de materialismo grosseiro e ateísmo vazio. Mas, eu digo, suponha por um momento; e à luz de tal suposição pesa bem a seguinte questão: Que garantia temos de que um dia em breve o mundo não será destruído? Uma observação muito superficial das “leis da natureza” revela o fato de que elas não são uniformes em seu funcionamento. A prova disso é o fato de que não há duas estações iguais. Se, então, as leis da Natureza são irregulares em suas operações, que garantia temos contra alguma catástrofe terrível que atinja nossa terra? "O vento sopra onde quer", o que significa que o homem não pode compreende-lo nem o impedir. Às vezes o vento sopra com grande fúria, e pode ser que subitamente se acumule em volume e velocidade até se tornar um furacão em toda a sua extensão. Se não há nada mais do que as leis da Natureza regulando o vento, então, talvez amanhã, possa vir um terrível tornado e varrer tudo da superfície da terra! Que garantia temos contra tal calamidade?

Novamente; nos últimos anos, ouvimos e lemos muito sobre nuvens explodindo em temporais torrenciais, e inundando cidades inteiras, causando estragos terríveis na destruição de propriedades e vidas. O homem é impotente diante deles, pois a ciência não pode conceber meios para impedir temporais devastadores. Então, como sabemos que esses temporais não se multiplicarão indefinidamente e toda a terra será inundada por seu aguaceiro? Isso não seria novidade: por que não se repetiria o Dilúvio dos dias de Noé? E os terremotos? A cada  poucos anos algum município ou alguma grande cidade é varrida da terra por um deles - e o que o homem pode fazer? Onde está a garantia de que em breve um terremoto gigantesco não destruirá o mundo inteiro.

A ciência moderna nos fala de grandes incêndios subterrâneos queimando sob a crosta fina de nossa terra. Como sabemos, que esses incêndios não explodirão de repente e consumirão todo o nosso globo? Certamente todo leitor agora vê o ponto que estamos procurando demonstrar; negar que Deus está governando a matéria, negar que Ele está “sustentando todas as coisas pela palavra do Seu poder” (Hb. 1:3), seria no mínimo, insensatez, em um instante, toda a sensação de segurança se foi; e agora??? O que poderemos fazer??? A ciência pode resolver esta incógnita??? A resposta é um sonoro NÃO!!!

Sigamos um curso de raciocínio semelhante em relação à raça humana. Deus está governando este nosso mundo? Ele está moldando os destinos das nações, controlando o curso dos impérios, determinando os limites das dinastias? Ele prescreveu os limites dos malfeitores, dizendo: Até aqui irás e não mais adiante? Suponhamos por um momento o contrário!!! Suponhamos que Deus entregou o leme nas mãos de Suas criaturas humanas (100% depravadas); e vejamos onde tal suposição nos levará.

A título de argumentação, diremos que todo homem entra neste mundo dotado de uma vontade absolutamente livre, (embora, 100% depravados); e que é impossível compeli-lo ou mesmo coagi-lo sem destruir sua “liberdade”; digamos que todo homem possui um conhecimento do certo e do errado, (ainda que danificado); que ele tem o poder de escolher entre eles, e que ele é deixado inteiramente livre para fazer sua própria escolha e seguir seu próprio caminho. Então o que? Então segue-se que o homem é soberano, pois ele faz como ele se agrada e é o arquiteto de sua própria vida; mas, em tal caso, não podemos ter certeza de que em breve todo homem rejeitará o bem e escolherá o mal. Nesse caso, não temos garantia contra toda a raça humana cometer suicídio moral. Que todas as restrições divinas sejam removidas e o homem fique absolutamente livre, (em sua escravidão do pecado e do diabo); e todas as distinções éticas desaparecerão imediatamente, e o espírito de barbárie absoluta prevalecerá universalmente e o pandemônio reinará supremo. Por que não? Se uma nação depõe seus governantes e repudia sua constituição, o que há para impedir que todas as nações façam o mesmo?

Se há pouco mais de um século as ruas de Paris corriam com o sangue dos desordeiros, que garantia temos de que, antes do século atual, todas as cidades do mundo não testemunharão uma cena semelhante? O que há para impedir a ilegalidade em toda a terra e a anarquia universal? Assim, procuramos mostrar a necessidade, a necessidade imperativa, de Deus ocupar o trono, tomar o governo sobre Seus ombros e controlar as atividades e destinos de Suas criaturas (100% depravadas); Mas tem o homem de fé alguma dificuldade em perceber o governo de Deus sobre este mundo? O olho ungido não discerne, mesmo em meio a muita aparente confusão e caos, a mão do Altíssimo controlando e moldando os negócios dos homens, mesmo nas preocupações comuns da vida cotidiana? Tomemos, por exemplo, os agricultores e suas colheitas.

Suponha que Deus os deixasse sozinhos: o que os impediria, todos eles, de cultivar suas terras aráveis ​​e se dedicar exclusivamente à criação de gado e leite? Nesse caso, haveria uma fome mundial de trigo e milho! Pegue o trabalho dos correios. Suponha que todas as pessoas decidissem enviar suas encomendas apenas às segundas-feiras, as autoridades poderiam lidar com o correio às terças-feiras? e como eles ocupariam seu tempo no restante da semana? Então, novamente com lojistas. O que aconteceria se toda dona de casa fizesse compras na quarta-feira e ficassem em casa o resto da semana? Mas, em vez de tais coisas acontecerem, os agricultores de diferentes países criam gado suficiente e cultivam grãos de vários tipos suficientes para suprir as necessidades alimentares, quase incalculáveis ​​da raça humana; as correspondências são distribuídas quase uniformemente nos seis dias da semana; e algumas mulheres fazem compras na segunda-feira, outras na terça-feira e assim por diante. Essas coisas não evidenciam claramente a mão absolutamente dominante e controladora do todo poderoso Deus??? Tendo mostrado, em resumo, a necessidade imperativa de Deus reinar sobre nosso mundo, observemos ainda mais o fato de que Deus governa, realmente governa, e que Seu governo se estende e é exercido sobre todas as coisas e todas as criaturas.

1. Deus governa a matéria inanimada.

Que Deus governa a matéria inanimada, que a matéria inanimada cumpre Suas ordens e cumpre Seus decretos, é claramente mostrado no próprio frontispício da revelação divina. Deus disse: "Haja luz", e lemos: "Houve luz". Deus disse: "Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num só lugar, e apareça a parte seca", e "assim foi". E novamente: “Disse Deus: Produza a terra erva que dê semente, e árvore frutífera que dê fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja nela sobre a terra; e assim foi”.

E o salmista declara: “Ele falou e tudo se fez”; O que é declarado em Gênesis 1º é posteriormente ilustrado por toda a Bíblia. Após a criação de Adão, dezesseis séculos se passaram antes que uma chuva caísse sobre a terra, pois antes de Noé "subiu uma névoa da terra, e regou toda a face da terra" (Gn. 2:6). Mas, quando as iniquidades dos antediluvianos se completaram, então Deus disse: "E eis que eu mesmo trago um dilúvio de águas sobre a terra, para destruir toda carne, em que há fôlego de vida, de debaixo do céu; e tudo o que há na terra morrerá"; e em cumprimento disso lemos: "No ano seiscentos da vida de Noé, no segundo mês, o décimo sétimo dia do mês, no mesmo dia foram todas as fontes do grande abismo se rompeu, e as janelas do céu se abriram. E a chuva caiu sobre a terra quarenta dias e quarenta noites" (Gn 6:17 e 7:11, 12).

Testemunhe o controle absoluto (e Soberano) de Deus sobre a matéria inanimada em conexão com as pragas do Egito. Por Sua ordem, a luz se transformou em trevas e os rios em sangue; caiu granizo e a morte desceu sobre a terra ímpia do Nilo, até que mesmo seu altivo monarca foi compelido a clamar por libertação. Observe particularmente como o registro inspirado aqui enfatiza o controle absoluto de Deus sobre os elementos - "E Moisés estendeu a sua vara para o céu; e caiu saraiva  de fogo sobre a terra do Egito. Então houve granizo, e fogo misturado com o granizo, muito devastador, como não houve em toda a terra do Egito, desde que se tornou uma nação. E a saraiva feriu em toda a terra do Egito tudo o que havia no campo, tanto homens como animais; e a saraiva feriu toda erva do campo, e quebrou toda árvore do campo. Somente na terra de Gósen, onde estavam os filhos de Israel, não houve saraiva” (Êxodo 9:23-26). A mesma distinção foi observada em relação à nona praga: "E disse o Senhor a Moisés: Estende a mão para o céu, para que haja trevas sobre a terra do Egito, e trevas que se possam apalpar e levantarem-se as mãos para o céu; e houve trevas espessas em toda a terra do Egito por três dias.

Não se viram uns aos outros, nem se levantaram do seu lugar por três dias; mas todos os filhos de Israel tinham luz nas suas habitações" (Êx. 10:21-23). Os exemplos acima não são de forma alguma casos isolados. Por decreto de Deus, fogo e enxofre desceram do céu e as cidades da planície foram destruídas, e um vale fértil foi convertido em um mar de morte repugnante. À Sua ordem, as águas do Mar Vermelho se separaram para que os israelitas passassem com os pés secos, e por Sua palavra elas retrocederam novamente e destruíram os egípcios que os perseguiam. Uma palavra dele, e a terra abriu sua boca e Coré e sua companhia rebelde foram engolidos. A fornalha de Nabucodonosor foi aquecida sete vezes além de sua temperatura normal, e nela foram lançados três dos filhos de Deus, mas o fogo não queimou se quer, suas roupas, embora tenha matado os homens que os lançaram nela.

Que demonstração do controle governamental do Criador sobre os elementos foi fornecida quando Ele se tornou carne e habitou entre os homens! (100% depravados); contemple-o dormindo no barco. Uma tempestade surge. Os ventos rugem e as ondas são açoitadas em fúria. Os discípulos que estão com Ele, temendo que seu pequeno barco naufragasse, acordaram seu Mestre, dizendo: "Não te importas que pereçamos?" E então lemos: "E, levantando-se, repreendeu o vento, e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E cessou o vento, e fez-se grande bonança" (Marcos 4:39). Marque novamente, o mar, por vontade de seu Criador, O levou em suas águas.

A uma palavra dele, a figueira secou; em Seu toque a doença fugiu instantaneamente. Os corpos celestes também são governados por seu Criador e realizam Seu prazer Soberano. Pegue duas ilustrações. Por ordem de Deus, o sol retrocedeu dez graus no mostrador de Acaz para ajudar a fraca fé de Ezequias. Nos tempos do Novo Testamento, Deus fez com que uma estrela anunciasse a encarnação de Seu Filho - a estrela que apareceu aos sábios do Oriente. Esta estrela, nos é dito, "foi adiante deles até que veio e parou sobre onde estava o menino" (Mat. 2: 9).

Que declaração é esta: “Ele envia Seu mandamento sobre a terra: Sua palavra corre muito rapidamente. Ele envia a sua palavra, e os derrete; ele faz soprar o seu vento, e as águas correm” (Sl. 147:15-18); As mutações dos elementos estão sob o controle Soberano de Deus. É Deus quem retém a chuva, e é Deus quem dá a chuva quando quer, onde quer, como quer e sobre quem quer. As agências meteorológicas podem tentar dar previsões do tempo, mas com que frequência Deus zomba de seus cálculos! As "manchas" solares, as atividades variadas dos planetas, o aparecimento e o desaparecimento de cometas (aos quais o clima anormal às vezes é atribuído), os distúrbios atmosféricos são causas meramente secundárias, pois por trás de tudo isso está o próprio Deus.

Deixe Sua Palavra falar mais uma vez: "E também retive de vocês a chuva, quando ainda faltavam três meses para a colheita; choveu sobre uma cidade, e não fez chover sobre outra cidade; assim, duas ou três cidades peregrinaram até uma cidade, para beber água; mas não se fartaram; contudo não voltastes para mim, diz o Senhor. Eu vos feri com ferrugem e bolor; quando os vossos jardins, e as vossas vinhas, e as vossas figueiras, e as vossas oliveiras se multiplicaram, a lagarta os devorou; contudo não voltastes para mim, diz o Senhor. Enviei entre vós a peste à maneira do Egito; os vossos mancebos matei à espada, e tirei os vossos cavalos; e fiz subir às tuas narinas o mau cheiro dos vossos acampamentos; contudo não voltastes para mim, diz o Senhor" (Amós 4:7-10). Verdadeiramente, então, Deus governa a matéria inanimada. Terra e ar, fogo e água, granizo e neve, ventos tempestuosos e mares furiosos, todos cumprem a palavra de Seu poder e cumprem Seu prazer soberano. Portanto, quando reclamamos do tempo, na verdade estamos murmurando contra Deus.

2. Deus governa criaturas as irracionais.

Que ilustração impressionante do governo de Deus sobre o reino animal se encontra em Gênesis 2:19! "E do solo formou o Senhor Deus todos os animais do campo, e todas as aves do céu; e os trouxe a Adão para ver como ele os chamaria: e tudo o que Adão chamasse a toda criatura vivente, esse era o seu nome." Deveria ser dito que isso ocorreu no Éden, e ocorreu antes da queda de Adão e da consequente maldição (depravação total); que foi infligida a todas as criaturas, então nossa próxima referência atende plenamente à objeção: o controle de Deus sobre os animais foi novamente exibido abertamente no dilúvio. todo espécime trarás para dentro da arca, para os conservares vivos contigo; serão machos e fêmeas de todos os animais da terra.

Das aves conforme a sua espécie, de todo réptil conforme a sua espécie; dois de cada espécie virão a ti” (Gn 6:19, 20). Todos estavam sob o controle do Soberano de Deus. O leão da selva, o elefante da floresta, o urso das regiões polares; a pantera feroz, o lobo indomável, o tigre feroz; a águia que voa alto e o crocodilo rastejante - veja todos eles em sua ferocidade nativa, e ainda assim, silenciosamente se submetendo à vontade de seu Criador, e entrando dois a dois na arca!!!!

Referimo-nos às pragas enviadas ao Egito como ilustração do controle de Deus sobre a matéria inanimada, vamos agora voltar a elas novamente para ver como elas demonstram Seu governo perfeito sobre criaturas irracionais. Em Sua Palavra o rio produziu rãs em abundância, e essas rãs entraram no palácio do Faraó e nas casas de seus servos e, contrariamente aos seus instintos naturais, entraram nas camas, nos fornos e nas amassadeiras (Êx 8:13). Enxames de moscas invadiram a terra do Egito, mas não havia moscas na terra de Gósen! (Êx 8:22). Em seguida, o gado foi ferido, e lemos: "Eis que a mão do Senhor está sobre os jumentos, sobre os camelos, sobre os bois e sobre as ovelhas; E o Senhor separará o gado de Israel e o gado do Egito; e nada morrerá de tudo o que é dos filhos de Israel. E o SENHOR estabeleceu um tempo determinado, dizendo: Amanhã o SENHOR fará isso na terra. E o Senhor fez isso no dia seguinte, e todo o gado do Egito morreu; mas do gado dos filhos de Israel não morreu um só se quer” (Êxodo 9:3-6). As pragas eram, apena, para o Faraó e sua terra, marcando o tempo de sua visitação, determinando o curso e os limites de suas depredações. Os anjos não são os únicos que cumprem as ordens de Deus. As bestas brutas igualmente realizam Seu prazer. A arca sagrada, a arca da aliança, está no país dos filisteus. Como ela será trazido de volta à sua terra natal? Observe os servos escolhidos por Deus e quão completamente eles estavam sob Seu controle: E os filisteus chamaram os sacerdotes e os adivinhos, dizendo:

Que faremos à arca do Senhor? diga-nos com que a enviaremos ao seu lugar. E eles disseram... Agora, pois, faça um carro novo, e tome vacas de duas milhas, sobre as quais não haja jugo, e amarre as vacas ao carro, e traga seus bezerros para casa: E tome a arca do Senhor, e coloca-a sobre a carroça, e põe as joias de ouro, que lhe devolveres como oferta pela culpa, num cofre ao lado dele, e manda-o embora para que vá e veja, se ela sobe pelo caminho da sua costa até Bete-Semes, então Ele nos fez este grande mal; mas se não, então saberemos que não foi a sua mão que nos feriu; foi um acaso que aconteceu conosco." E o que aconteceu? Que impressionante a sequência! "E as vacas tomaram o caminho certo para o caminho de Bete-Semes, e foram pela estrada, mugindo pelo caminho, e não se desviaram para a direita ou para a esquerda" (1 Sam. 6:12). Igualmente impressionante é o caso de Elias: "E veio a ele a palavra do Senhor, dizendo: Vai, e esconde-te junto ao ribeiro de Querite, que é antes da Jordânia. E será que beberás do ribeiro; e ordenei aos corvos que ali te alimentem" (1 Reis 17:2-4). O instinto natural dessas aves de rapina era mantido em sujeição e, em vez de consumirem a comida, eles a levavam ao servo de Jeová em seu retiro solitário.

São necessárias mais provas? então elas estão prontas e à mão. Deus faz um burro falar para repreender a loucura do profeta. Ele envia duas ursas da floresta para devorar quarenta e dois dos algozes de Elizeu. Em cumprimento de Sua palavra, Ele faz com que os cães lambessem o sangue da ímpia Jezabel. Ele sela a boca dos leões da Babilônia quando Daniel é lançado na cova, embora, mais tarde, Ele os faça devorar os acusadores do profeta. Ele prepara um grande peixe para engolir o desobediente Jonas e então, quando Sua hora ordenada soou, obrigou-o a vomitá-lo em terra seca.

Ao Seu pedido, um peixe leva uma moeda a Pedro para o dinheiro do tributo, e para cumprir Sua palavra Ele faz o galo cantar duas vezes após a negação de Pedro. Assim, vemos que Deus reina sobre criaturas irracionais, animais do campo, pássaros do céu, peixes do mar, todos cumprem Sua vontade absoluta e soberana.

3. Deus governa os filhos dos homens.

Apreciamos plenamente o fato de que esta é a parte mais difícil de nosso assunto e, portanto, será tratada mais detalhadamente nas páginas seguintes; mas no momento consideramos o fato do governo de Deus sobre os homens em geral, antes de tentarmos lidar com o problema em detalhes.

Duas alternativas nos confrontam, e entre elas somos obrigados a escolher: ou Deus governa, ou Ele é governado; ou Deus soberano, ou Ele é submisso; ou Deus tem o Seu caminho, ou os homens têm o seu.

E nossa escolha entre essas alternativas é difícil de fazer? Devemos dizer que no homem vemos uma criatura tão indisciplinada que está além do controle de Deus? Devemos dizer que o pecado alienou o pecador tão longe do Três vezes Santo que ele está fora do âmbito de Sua jurisdição?

Ou devemos dizer que o homem foi dotado de responsabilidade moral e, portanto, Deus deve deixá-lo inteiramente livre, pelo menos durante o período de sua provação? Será que, porque o homem natural é um fora-da-lei contra o Céu, um rebelde contra o governo Divino, necessariamente Deus é incapaz de cumprir Seu propósito por meio dele? Queremos dizer, não apenas que Ele pode anular os efeitos das ações dos malfeitores, nem que Ele ainda levará os ímpios a comparecer diante de Seu tribunal de julgamento - para que a sentença de punição possa ser passada sobre eles - multidões de não-cristãos acreditam nessas coisas - mas, queremos dizer, que toda ação do mais iníquo de Seus súditos está inteiramente sob Seu controle, sim, que o agente está, embora desconhecido para si mesmo, executando os decretos secretos do Altíssimo. Não foi assim com Judas? e é possível selecionar um caso mais extremo? Se, então, o arqui-rebelde estava cumprindo o conselho de Deus, é mais difícil para nossa fé acreditar que o “mestre supremo” de todos os rebeldes ao desejar o trono de Deus, estava cumprindo o decreto secreto do criador? Pois é, para nós os Trinitarianos, Hiper-calvinistas e Supralapsarianos; é muito simples de se compreender! Deus é soberano e ponto.

Nosso objetivo atual não é uma investigação filosófica nem casuística metafísica, mas averiguar o ensino das Escrituras sobre este tema profundo; À Lei e ao Testemunho, pois somente ali podemos aprender sobre o governo Divino – seu caráter, seu desígnio, seu modus operandi, seu escopo. O que, então, agradou a Deus nos revelar em Sua bendita Palavra a respeito de Seu governo sobre as obras de Suas mãos e, particularmente, sobre aquele que originalmente foi feito à Sua própria imagem e semelhança?

"Nele vivemos, e nos movemos, e existimos" (Atos 17:28). Que afirmação arrebatadora é esta! Estas palavras, note-se, foram dirigidas, não a uma das igrejas de Deus, não a um grupo de santos que alcançaram um elevado plano de espiritualidade, mas a uma audiência pagã, àqueles que adoravam "o Deus desconhecido" e que "zombaram" quando ouviram falar da ressurreição dos mortos. E, no entanto, aos filósofos atenienses, aos epicuristas e aos estóicos, o apóstolo Paulo não hesitou em afirmar que eles viviam, se moviam e tinham seu ser em Deus, o que significava não apenas que deviam sua existência e preservação Àquele que fez o mundo e todas as coisas nele, mas também que suas próprias ações foram abrangidas e, portanto, controladas pelo Senhor do Céu e da Terra. Comparar Daniel 5:23, última cláusula!

"As disposições (margem) do coração, e a resposta da língua vem do SENHOR" (Provérbios 16:1). Observe que a declaração acima é de aplicação geral - é do "homem", não simplesmente dos crentes, que isso é predicado. "O coração do homem traça o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos" (Prov. 16:9). Se o Senhor dirige os passos de um homem, não é prova de que ele está sendo controlado ou governado por Deus? Novamente: “Muitas maquinações hão no coração do homem, mas o conselho do Senhor permanecerá".

(Pv. 19:21). Isso pode significar algo menos do que, não importa o que o homem possa desejar e planejar, é a vontade de seu Criador que é executada? Como ilustração, tome o "Rich Fool". Os "dispositivos" do seu coração são-nos revelados - "E pensou consigo mesmo, dizendo: Que farei, porque não tenho lugar para dar os meus frutos? E disse: Farei isto: arrancarei derribei os meus celeiros, e edifiquei maiores; e ali darei todos os meus frutos e os meus bens; e direi à minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e alegra-te." Tais eram os "dispositivos" de seu coração, no entanto, era "o conselho do Senhor" que permanecia. O "eu vou" "Disse-lhe Deus: Tolo, esta noite te pedirão a tua alma" (Lucas 12:17-20).

"O coração do rei está na mão do Senhor, como rios de água: Ele o desvia para onde quer (Prov. 21:1). O que poderia ser mais explícito? Do coração são "as saídas da vida" (Prov. 21:1). (Prov. 4:23), pois como um homem "pensa em seu coração, assim é" (Prov. 23:7). "então não está claro que os homens, sim, governadores e governantes, e assim todos os homens, estão completamente sob o controle governamental do Todo-Poderoso!

Nenhuma limitação deve ser imposta às declarações acima. Insistir que alguns homens, pelo menos, frustram a vontade de Deus e derrubam Seus conselhos, é repudiar outras Escrituras igualmente explícitas. Pese bem o seguinte: "Mas ele é um só pensamento, e quem pode convertê-lo? e o que sua alma deseja, até isso ele faz" (Jó 23:13). "O conselho do Senhor permanece para sempre, os pensamentos do seu coração de geração em geração" (Salmo 33:11). "Não há sabedoria, nem entendimento, nem conselho contra o Senhor" (Prov. 21:30). "Pois o Senhor dos Exércitos determinou, e quem o anulará? E sua mão está estendida, e quem a fará voltar?" (Is 14:27). "Lembrai-vos das coisas passadas:

Porque eu sou Deus, e não há outro! Eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim, que desde o princípio anuncio o fim, e desde os tempos antigos as coisas que ainda não se fizeram, dizendo, o meu conselho permanecerá, e farei toda a minha vontade" (Isa. 46: 9, 10). Não há ambiguidade nessas passagens. Elas afirmam nos termos mais inequívocos e sem reservas que é impossível anular o propósito de Jeová.

Lemos as Escrituras em vão se deixamos de descobrir que as ações dos homens, homens maus e bons, são governadas pelo Senhor Deus. Ninrode e seus companheiros decidiram erguer a torre de Babel, mas antes que sua tarefa fosse cumprida, Deus frustrou seus planos. Deus chamou a Abraão "sozinho" (Isa. 51: 2), mas seus parentes o acompanharam quando saiu de Ur dos Caldeus. Então a vontade do Senhor foi derrotada? Não, realmente. Marque a continuação. Terah morreu antes de Canaã ser alcançado (Gn 11:32), e embora Ló acompanhasse seu tio à terra da promessa, logo se separou dele e se estabeleceu em Sodoma. Jacó era o filho a quem a herança foi prometida, e embora Isaque procurasse reverter o decreto de Jeová e conceder a bênção a Esaú, seus esforços não deram em nada. Esaú novamente jurou vingança contra Jacó, mas quando se encontraram novamente, choraram de alegria em vez de lutar com ódio.

Os irmãos de José determinaram sua destruição, mas seus maus conselhos foram derrubados. Faraó recusou-se a deixar Israel cumprir as instruções de Jeová e pereceu no Mar Vermelho. Balaque contratou Balaão para amaldiçoar os israelitas, mas Deus o obrigou a abençoá-los. Hamã erigiu uma forca para Mardoqueu, mas, ele mesmo foi enforcado nela. Jonas resistiu à vontade revelada de Deus, mas o que aconteceu com seus esforços?

Ah, os pagãos podem "se enfurecer" e o povo imaginar uma "coisa vã"; os reis da terra podem "se levantar", e os governantes conspiram juntos contra o Senhor e contra o Seu Cristo, dizendo: "Rompamos as suas ligaduras, e joguemos fora as suas cordas de nós (Sl 2:1-3). Mas o grande Deus está perturbado ou perturbado pela rebelião de suas criaturas insignificantes? Não, de fato: "Aquele que está sentado nos céus se rirá de todos, e as maiores nações e exércitos da terra, e seus preparativos mais extensos e vigorosos para derrotar Seu propósito são, em Sua vista, totalmente inúteis. Ele olha para seus esforços insignificantes, não apenas sem qualquer alarme, mas Ele “ri” de sua loucura; Ele trata sua impotência com "escárnio". Ele sabe que pode esmagá-los como mariposas quando quiser, ou consumi-los em um momento com o sopro de sua boca.

Ah, é apenas "uma coisa vã" para os cacos de barro da terra lutarem com a gloriosa Majestade do Céu. Tal é o nosso Deus; adorai-O. Observe, também, a Soberania que Deus demonstrou em Seu trato com os homens! Moisés, que era gago, e não Arão, seu irmão mais velho, foi o escolhido para ser Seu embaixador ao exigir do monarca do Egito a libertação de Seu povo oprimido. Moisés novamente, embora muito amado, pronuncia uma palavra precipitada e foi excluído de Canaã; enquanto Elias, apaixonadamente murmura e sofre apenas uma leve repreensão, e depois foi levado para o céu sem ver a morte! Uzá simplesmente tocou a arca e foi instantaneamente morto, enquanto os filisteus a levaram em triunfo insultante e não sofreram nenhum dano imediato.

As demonstrações de graça que teriam levado uma Sodoma condenada ao arrependimento falharam em comover uma altamente privilegiada Cafarnaum. Obras poderosas que teriam subjugado Tiro e Sidon deixaram as cidades repreendidas da Galileia sob a maldição de um Evangelho rejeitado. Se eles teriam prevalecido sobre os primeiros, por que não foram forjados lá? Se eles se mostraram ineficazes para entregar o último, então por que realizá-los? Que exibições são estas da vontade soberana do Altíssimo!

4. Deus governa os anjos bons e os maus.

Os anjos são servos de Deus, Seus mensageiros, Suas carruagens. Eles sempre ouvem a palavra de Sua boca e cumprem Seus mandamentos. "E Deus enviou um anjo a Jerusalém para destruí-la; e enquanto ele estava destruindo, o Senhor viu, e se arrependeu do mal, e disse ao anjo que destruiu. Basta, detêm agora a tua mão... E ordenou o Senhor ao anjo, e ele tornou a pôr a sua espada na bainha" (1 Cr 21:15, 27). Muitas outras passagens podem ser citadas para mostrar que os anjos estão sujeitos à vontade de seu Criador e cumprem Suas ordens - "E, voltando Pedro a si, disse: Agora sei com certeza que o Senhor enviou o Seu anjo, e livrou-me da mão de Herodes" (Atos 12:11).

"E o Senhor Deus dos santos profetas enviou o seu anjo para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem ser feitas" (Apo. 22:6). Assim será quando nosso Senhor retornar: "O Filho do Homem enviará os seus anjos, e eles ajuntarão do seu reino todos os escândalos e os que praticam a iniquidade" (Mt 13:41). "Ele enviará os seus anjos com grande clangor de trombeta, os quais ajuntarão os seus eleitos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus" (Mt 24:31).

O mesmo vale para os espíritos malignos: eles também cumprem os decretos Soberano de Deus. Um espírito maligno é enviado por Deus para incitar a rebelião no acampamento de Abimeleque: "Então Deus enviou um espírito maligno entre Abimeleque e os homens de Siquém", que o ajudou a matar seus irmãos (Jz 9:23). Outro espírito maligno Ele enviou para ser um espírito de mentira na boca dos profetas de Acabe: "Agora, pois, eis que o Senhor pôs um espírito de mentira na boca de todos estes teus profetas, e o Senhor falou mal de ti" (1Reis 22:23). E ainda outro foi enviado pelo Senhor para perturbar Saul:

"Mas o Espírito do Senhor se retirou de Saul, e um espírito maligno da parte do Senhor o perturbou". (1Sam. 16:14). Assim, também, no Novo Testamento: toda uma legião de demônios não sai de suas vítimas até que o Senhor Jesus lhes dê permissão para entrar na manada de porcos. É claro nas Escrituras, então, que os anjos, bons e maus, estão sob o controle de Deus e, voluntária ou involuntariamente, cumprem o propósito de Deus.

Sim, o próprio SATANÁS está absolutamente sujeito ao controle de exaustivo e soberano de Deus. Quando acusado no Éden, ele ouviu a terrível sentença, mas não respondeu uma palavra. Ele foi incapaz de tocar em Jó até que Deus lhe concedesse licença. Assim, também, ele teve que obter o consentimento de nosso Senhor antes que pudesse “peneirar” Pedro. Quando Cristo lhe ordenou que partisse - "Vai-te, Satanás" - lemos: "Então o Diabo o abandona" (Mt 4:11). E, no final, ele será lançado no Lago de Fogo que foi preparado para ele e seus anjos.

O Senhor Deus onipotente reina. Seu governo é exercido sobre a matéria inanimada, sobre os animais brutos, sobre os filhos dos homens, sobre os anjos bons e maus e sobre o próprio Satanás. Nenhum mundo giratório, nenhum brilho de estrela, nenhuma tempestade, nenhuma criatura se movem, nenhuma ação de homens, nenhuma missão de anjos, nenhuma ação do Diabo - nada em todo o vasto universo pode acontecer de outra forma que Deus não tenha eternamente proposto. Aqui está um fundamento de fé. Aqui é um lugar de descanso para o intelecto. Aqui está uma âncora para a alma, segura e firme. Não é o destino cego, o mal desenfreado, homem ou diabo, mas o Senhor Todo-Poderoso que está governando o mundo, governando-o de acordo com Seu próprio prazer e para Sua própria glória eterna.

"Dez mil eras antes dos céus, foram colocadas em movimento; Todos os longos anos e mundos por vir, permaneceu presente em Seu pensamento: Não há um pardal nem um verme, mas, tudo isso é encontrado em Seus decretos, Ele eleva os monarcas aos seus tronos e os tiras de seus domínios quando quer; todavia, o senhor DEUS é soberano, exaustivamente soberano!!! e comanda e governa o mundo dos vivos dos mortos e dos anjos como Lhe apraz."

Pesquisador, Tradutor, Editor e Organizador: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C.

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